segunda-feira, outubro 30, 2006

quarta-feira, outubro 25, 2006

e o Rio de Janeiro continua lindo ....

Rio de Janeiro
Parque Lage e o Cristo ao fundo
redondo
amarelo do sol
nas lentes escolhidas pela fotógrafa
deslocamentos

sexta-feira, outubro 13, 2006

a cidade sempre maravilhosa

o Cristo olha para mim
estou abaixo dele, um pouco, e entre nós a pedra e a mata
hoje sexta feira treze e a gente aqui na cidade maravilha mutante
rio 40 graus
por sorte choveu na noite e o dia meio feriado, meio dia util
ficou fresquinho
daqui a pouco pegaremos a barca
cruzaremos para ir a Niterói
pretendemos ir ao MAC e depois a UFF
vamos para Icaraí ver a vista mais linda do Rio de Janeiro
entre paisagens e amigos, livros, cadernos, desenhos, bares e a lagoa
e com o Cristo Redentor sempre presente
vão se passando estes dias
nesta cidade que é minha também
me sinto parte, integrante, em casa, minha segunda
eleita por mim naquele ano que estive aqui, 93, e onde fui acolhida e envolvida, seduzida
abduzida cooptada
com vínculos fortes integro a comunidade
e quando venho me sinto a filha pródiga
de volta ao lar

sexta-feira, outubro 06, 2006

Supermatic

A Supermatic e seu Oliveira na tipografia

Penso que estas imagens podem ter sido feitas na transição da compra da tipografia do seu Oliveira por meu pai. Sei que o seu Oliveira era o dono. Quem sabe neste dia meu pai foi conhecer ou quem sabe o seu Oliveira tenha ido depois da venda ensinar a mexer no maquinário. Enfim, o certo é que esta é a tipografia e algumas das máquinas impressoras. Os negativos são de meu pai que fez as fotos.

A Tipografia

A tipografia da rua Mato Grosso ficava bem onde hoje é uma casa de tintas. Ao lado tinha a churrascaria Campo Grande. Na esquina a concessionária de carro Mayrink Goés. Era um grande barracão que descia até o meio do quarteirão. Em níveis. Descendo a escada tinha um quartinho onde era o laboratório fotográfico. Era grande o laboratório, pelo menos aos meus olhos. A luz vermelha - e na bacia ele foi me mostrando aquelas imagens aparecendo na banheira com químicas. Aquele cheiro do ácido acetico, aquela imagem surgindo, aquele momento foi tão especial. Imediatamente soube.
Eu corria por aqueles barracões. Abaixo da escada e do laboratório tinha a grande guilhotina. Nossa, não cansava nunca de ver. A lâmina descendo. Sempre pensava que podia degolar alguém ou tirar uma tampa de dedo. Era fascinante ver. Vinha afiada. Num golpe só.
O ultimo barracão tinha as grandes mesas de tipos. As famílias todas. Eram lindas as mesas, as gavetas, os tipógrafos montando. Tinha ainda as furadeiras e os muitos armários, pilhas de papel, pedras peso, livros, jornais, colas, prensas, o balcão da entrada, os mostradores de livro, as cadeiras, a sala de dar aulas do Tio Eli, os fundos onde morava o Tio Marcial ...
Nas noites meu pai comprava leite de saquinho e fazia copos de papel sulfite.

A fotografia é tudo isso e mais. Nasceu ali, se mostrou, foi desvendada. Esta possibilidade das imagens surgirem do nada, submergirem da invisibilidade. Emergir.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Meu Pai, o jornalista Antonio Vilela de Magalhães

Meu pai, conhecido como Vilela, em frente a sua mesa de trabalho com uma pilha de jornais. Era assim mesmo o seu dia a dia, trabalhando, aquela mesa cheia de papéis e o cigarro entre os dedos do meio da mão, para poder pegar as coisas ou bater a máquina seus textos. Meu amado pai, com seu sorriso simpático e sua cabeça tão cheia de idéias novas, de pensamentos interessantes, de poesia, de arte, o teatro, a cultura, o cinema, a fotografia, a memória. Meu pai era um artista e foi através dele que eu conheci e me apaixonei pela fotografia. Ele me ensinou, me mostrava, discutia linguagem, fazia sugestões e leituras críticas de minha produção. Começamos cedo, eu tinha 6 anos e ele me levou ao seu laboratório fotográfico que ficava na tipografia que ele tinha na Rua Mato Grosso. Fiquei encantada e já falei que eu queria ser fotógrafa. Ele adorou me ver entusiasmada e me deu uma polaroid. Foi com ela que eu fiz minhas primeiras fotos e não parei nunca mais. E ele me estimulando e ao mesmo tempo me levando a uma reflexão sobre minha produção.
Tantas coisas mais tenho para contar sobre meu pai, que foi muito importante na minha formação como artista e principalmente como pessoa, mas vou aos poucos, aqui no blog, trazendo estas memórias para a superfície.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Fotos em Conserva

FOTOS EM CONSERVA
São fotografias acondicionadas dentro de vidros de diferentes formatos e tamanhos. Embalagens que continham comidas, bebidas, perfumes e remédios e que se transformam a partir da introdução de fotografias em seu interior. O trabalho se desenvolve sistematicamente a partir do ano de 2000 e de minha viagem a NY. O impulso inicial foi meu impacto com o consumo excessivo de comidas industrializadas na alimentação americana. Nada de novo, mas vivenciar esta situação no dia a dia recoloca em xeque o sistema alimentar “fast food”.
A excessiva artificialidade, a aparência e a contenção são palavras presentes em meus trabalhos anteriores e são encontradas aqui neste consumo de embalagens lindas com comidas horríveis, nos alimentos “masters” e nos escassos bons nutrientes que estes contém, nas comidas rápidas e gordurosas num país gordurofóbico que propõe dietas em massa e se afasta delas em suas práticas diárias.
Fotografias contidas em potes industriais. As imagens dialogam com os potes. As séries em diferentes embalagens levam a reflexão do uso x função das fotografias no nosso cotidiano. Preservar, guardar, registrar. Estas memórias armazenadas, em conserva, nos colocam diante da eterna pergunta: Esta imagem representa o quê? Nesta sociedade consumista a fotografia que devoramos também nos engole e abarrota o mundo de simulacros considerados relíquias a serem preservadas. Para quê? A imagem fotográfica nos leva a este paradoxo, duplicar o mundo. Quantas vezes serão necessárias?
Fotos em Conserva permite o armazenamento das imagens num jogo de significações, do ver e não tocar, de conter para armazenar, de ícones, clichês, que se armazenam como perguntas, como uma preciosidade que está ali não para ser vivida e sim observada. Sem que se toque, criando ilusões, um novo mundo de simulações. Mundos contidos em si, como o ser individualista contemporâneo que se fecha em seu mundo hermético, sem novas relações possíveis.