quarta-feira, março 28, 2007


numa constante força

segunda-feira, março 26, 2007

domingo, março 25, 2007

Flop cheirando a lente da máquina fotográfica

quarta-feira, março 21, 2007

Satori Uso, Rodrigo Garcia Lopes, Rodrigo Grota: poesia e cinema em Londrina

do blog de Rodrigo Garcia Lopes trouxe suas postagens divulgando o curta que estréia esta semana em Londrina. Quem conhece a história espera ansiosa pela estréia como é o caso de Karen Debértolis que conta em seu blog http://karendebértolis.blogspot.com suas lembranças como frequentadora assídua da Página Leitura.

PALAVRAS REAIS DE UM POETA INEXISTENTE

Curta-metragem aborda a possível trajetória de Satori Uso, personagem que saiu da imaginação do escritor londrinense Rodrigo Garcia Lopes.


divulgação





A atriz Caren Utino
interpreta Satine, a musa de Satori:
personagens imaginários dão
suporte poético à narrativa do filme.

César Augusto


Rodrigo Grota,
diretor e co-roteirista,
criou um ''documentário''
sobre a breve passagem
do poeta japonês em Londrina,
na década de 50:
cruzamento de metalinguagens

Satori Uso teve seus poemas traduzidos para o português na extinta coluna ''Leitura'' da Folha de Londrina, em 1 de setembro de 1985, pelo escritor Rodrigo Garcia Lopes. Tamanha foi a repercussão do poeta com seus haicais que incitou, até, curiosidade e comentários elogiosos de Paulo Leminski.
Foi em uma mesa de bar que Garcia Lopes revelou ao cineasta Rodrigo Grota, então repórter de cultura do mesmo jornal, que Satori era figura ficcional. Nascia a primeira fagulha para o filme ''Satori Uso'', que será exibido pela primeira vez ao público no próximo sábado em Londrina.
O curta foi rodado em Londrina e Assaí entre 5 e 12 de março de 2006, com produção da ONG Kinoarte (Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina) e patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), no valor de R$ 100 mil. De acordo com Grota, que assina a direção, co-produção executiva, e divide o roteiro com Garcia Lopes, é a primeira vez que a Kinoarte produz em 35 mm. ''No final a gente tinha seis horas de imagens, que foi reduzida a 25 minutos. Destes 25, cortamos até chegar aos 17 minutos. Foi bem difícil tirar algumas cenas, já que muitas delas eram boas'', justificou. A essência criativa do ''documentário'' sobre a fugaz passagem do poeta japonês pela Londrina dos anos 50 é edificada através da ótica do cineasta americano Jim Kleist. Uma dupla-metalinguagem, já que a história do alter ego Satori Uso foi conduzida pelo personagem fictício, no caso, Jim Kleist. Parece complicado? ''É um falso documentário feito sobre um poeta que nunca existiu, dirigido por um cineasta que também nunca existiu'', simplificou. Segundo Grota, o curta apresenta trechos de um filme inacabado de Kleist, intitulado ''Isolation'', que teria sido rodado em Londrina em 1967, ocasião em que o cineasta americano esteve no Brasil. ''Jim Kleist idealizou um filme como resposta visual à trajetória de Satori'', lembrou. Aliás, é o próprio Kleist quem narra a história, na voz de José de Aguiar, diretor de arte. Estrelado por Rogério Ivano (Satori) e Caren utino (Satine), o curta é conduzido pelo romance entre os dois. ''Para o tratamento do roteiro, nós utilizamos a intervenção de dois elementos novos: a Satine e o Jim Kleist. Eu estava buscando uma peça de desintegração, já que o Satori não apresentava conflitos dramáticos. Então surgiu a idéia da musa do poeta, e o desejo foi se intensificando aos poucos'', lembrou.
Em 2001, Rodrigo Garcia Lopes publicou em seu livro ''Polivox'' (Azougue Editorial) com um capítulo dedicado aos 15 haicais do alter ego japonês. ''Satori Uso'' incia a série de três curtas sobre a a Londrina dos anos 50, considerada por Grota a ''Trilogia do Esquecimento''. O segundo filme será inspirado na passagem do jazzman americano Booker Pittman pela cidade, e será rodado em agosto deste ano, também com produção da Kinoarte e Prefeitura de Londrina. ''O terceiro filme eu ainda não posso revelar quem será o personagem, mas os três irão dialogar entre si'', disse.
Satori existiu? Talvez sim...Um personagem permeado de riquezas interiores que se revela através de um silêncio quase desconcertante. Satori Uso também teve uma dinâmica de vida como qualquer pessoa: nasceu, cresceu, se apaixonou e se decepcionou. Mas, longe de ser banalizado, carregava um abismo dentro de si. Dizem que teve apenas um livro publicado em vida, antes de desembarcar no Brasil. O poeta teria nascido 2 de outubro de 1945 e migrado para o Brasil em 1975. Antes disso, passou alguns anos no mosteiro zen budista e depois virou hippie. Após perder quase toda sua obras durante a viagem (entre peças nô, haicais lisérgicos e um esquisito romance), fora parar no sítio de um amigo em Assaí. Nos últimos anos de vida, Satori passava o tempo todo em meditação profunda, quase não falava e se tornou obcecado pela decoberta da linguagem com a qual poderia conversar com as estrelas. Tanta verossimilhança se distancia ainda mais da abstração ao vê-lo em cena no curta-metragem. A natureza, a sombra, a música, a solidão, a sombra, a descoberta, a pena da caneta, a sombra, os discos, o amor, enfim, a sombra. Satori fugia da luz, então só poderiam encontrá-lo no escuro. Satori se aproximava da luz apenas quando perto de Satine, seu ensejo contínuo, mesmo com o fim. Uma história linear, não simples, mas que apresenta confluência de roteiro, trilha sonora, fotografia e direção. Familiaridade. Fica a nítida sensação de que meus avós poderiam ter conhecido Satori. Pensando bem, acho que eles já comentaram a respeito desse poeta quando eu era pequena... (L.O.)

Serviço- Lançamento do curta-metragem ''Satori Uso'', de Rodrigo Grota. No Cine Com-Tour. Sábado, às 20h30. Entrada franca. Na mesma sessão, serão exibidos os curtas ''Londrina em Três Movimentos'' e ''O Quinto Postulado''.

Liliana Onozato

TRAILER de "SATORI USO"
O filme "Satori Uso", de Rodrigo Grota (35 mm), baseado na vida e obra do poeta japonês homônimo (1925-1985), já tem trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=UFkkNV77h28
Ele deve estrear por estes dias e participar de festivais de curtas no Brasil e exterior. Um belo e delicado trabalho de Rodrigo Grota.


A única imagem registrada do poeta japonês Satori Uso (1925-1985)

Haikais da Carolina, inéditos de Satori Uso
Em 1965, o ex-integrante do movimento literário japonês "Nuvens Brancas", o poeta japonês Satori Uso, então exilado na Califórnia, recebeu o convite para visitar Jack Kerouac na cidadezinha de Rocky Mountain, na Carolina do Norte, onde o escritor estava vivendo temporariamente. Instantâneos nomádicos que querem perdurar, ativados por longas conversas noite adentro, sobre zen, anarquia, poesia oriental e americana, formas de percepção e linguagem em estado de máxima concentração. Os poemas são, assim, testemunhas do impacto da experiência americana em sua sensibilidade, e foram chamados de "kamikaze haikus" pelo autor de "On The Road". Muitos foram escritos originalmente num mix do que podemos chamar de Japanglish, revelando a fusão oriente-ocidente na mente de Satori Uso, e aparecem aqui na tradução do autor e Tosama Ogata, cerca de 1965.

Profissão de fé:
“ver com os olhos da mente
o mesmo olho
com que Deus nos vê”
*
tarde fria
o silêncio lá fora
sua foto alivia
*
Pensamentos são pontes, testamentos.
*
Aquela nuvem cinza ali
Ancestral
Cherokee
*
Aquários em rodas
Meus semelhantes
*
O jardim sonhou que era humano
numa manhã de domingo
*
paraíso preciso
a luz se dissolve
no útero da penumbra:
*
Um livro é um homem
Cercado de palavras
Por todos os lados.
*
A taça de café
tatua a página
onde ontem
esteve a lua
*
chuva daqui a pouco
disse um pássaro
pro outro
*
primavera
no arvoredo
músicas novas
*
A lua esqueceu—
seu branco na página
me olha
*
A noite é um teatro.
Cai o pano do céu.
*
O rio se contempla
Se congela calêndula
*
Água de sombra
rumor de cerejeiras
:
minha última fronteira
*
ESTRANHO E TANTO
Susto no branco
Mudo de sonho
*
Lua de primavera
também em vocês
poças no caminho
*
duas lanternas de papel
distantes
no céu do seu olhar
*
esquilo: hóspede da sombra
*
A lua
Molha
A água
*
Um sopro e o outono tomou corpo
*
Na paisagem vazia
do estacionamento americano
no espelho do carro, um esquilo
*
passando a lanterna
de mão em mão
noite de verão
*
(Entre mudo
E mundo
Uma questão de segundos.)
*
tardes tristes trazem tigres
feitos de fragmentos de espelhos
(suas almas)
*
Atento e esquivo
Rezando na grama
Esquilo de outono
*
AHAB
Eu não sei
Eu só sinto
O que não está aqui
*
Lua, és invisível ou te
confundes com o azul,
Esse teu lado de sombra?
*
Apenas por um tempo
A lua minguante
Empresta o poente
*
ENVOI
Relâmpagos no papel
O escriba se levanta
e olha o céu

posted by Estúdio Realidade Sunday, March 18, 2007


sexta-feira, março 16, 2007



desenhos por Fernanda Magalhães













desenho por Fernanda Magalhães