quinta-feira, maio 28, 2009

DEBANDADA

Publico aqui o texto de Marcio Diegues sobre sua experiência com a Bolha, apresentação realizada ontem a noite pelo Coletivo Manada durante evento de inauguração da nova sede da Casa de Cultura UEL_Artes Plásticas.


Experiência dentro e fora da Bolha
Márcio Diegues

Entre retalhos de Polietileno, presos uns aos outros por idéias, vontades e por uma busca de experimentar, nasceu “a Bolha”. Uma forma orgânica simplesmente constituída de saquinhos plásticos e ar, recriando um espaço “vazio” dentro da realidade, por onde cada indivíduo ao mergulhar em seu interior se encontra submerso em si mesmo e em seu mundo.
Uma segunda pele, um encontro com nosso Microcosmo, livres, porém fechados em um breve momento dentro de nossa individualidade, começamos a perceber o quanto essa Experiência Sensorial desvela nossos medos, nossa vontade de vivenciar algo novo, algo pessoal e único. Buscando através de gestos quase que rítmicos, produzindo movimentos pulsantes dentro dessa organela que representa a vida, repensamos, refazemos esse gesto de compor o mundo e escrever uma história de vida dentro do corpo social que a humanidade constrói. Como células que juntas formam tecidos, que por sua vez formam órgãos, nos vemos como partes de um corpo, e nesse mergulho existencial que “a Bolha” nos proporciona, passamos a refletir nossas atos dentro desse corpo humano em que se designa a estrutura social.
Nessa realidade em que desabrocha nosso ser, brincamos com amigos, pessoas queridas e até mesmo pessoas desconhecidas, passamos a somar nosso Microcosmo com outros, transformando-o em um Macro. Várias existências mesclam-se dentro da organela viva, dançam, pulam, reverberam-se em um transe de sensações e momentos que se partilham de diversas formas: ricas e complexas.
Vejo “a Bolha” como uma metáfora de nosso ser, uma expansão de “Eus” que formam o humano. Vida que vibra, que engloba.
No movimentar-se por salas, escadas e vãos, quebram-se retas oblíquas construídas. A forma viva da bolha invade esse ambiente rígido e resignifica o espaço externo, transformando através dos sentidos que está do lado interno. Assim, podemos refletir que essa experiência sensorial, nada mais é do que uma comunhão do “espaço de fora” com o “espaço de dentro”, do que somos, do mundo que vivemos, do que sabemos e do que apreendemos e sentimos.

Um comentário:

Dally Schwarz disse...

muito bom mesmo!
Adorei esse trabalho!
Beijos!